sábado, 11 de julho de 2015

PORQUE APOIO SAMPAIO DA NÓVOA









Começo a escrever este texto a cerca de 250km ao sul da Madeira. Estou em território português, na nossa zona económica exclusiva, a cerca de 20 milhas das ilhas Selvagens, a bordo de um navio da Armada. Estamos na expectativa de poder desembarcar, mas o mar e o vento se encarregarão de o impedir.
Todas aquelas horas de viagem dão para pensar muito. E foi o que fui fazendo, encostada à amurada, com a Selvagem Pequena à vista. O mundo, a Grécia e a Europa, Portugal. E ali no meio do mar, sem saber bem porquê, lembrei-me de repente de um discurso do professor Sampaio da Nóvoa, de 2012. É claro que não recordava exactamente as palavras, mas tinha-me ficado o sentido - ‘somos um país pequeno, mas não podemos limitar-nos a ser ninguém’.
Chegada a casa, fui à procura e aqui deixo o que procurava:
“Chegou o tempo de dar um rumo novo à nossa história.
Portugal tem de se organizar dentro de si, não para se fechar, mas para se abrir, para alcançar uma presença forte fora de si.
Não conseguiremos ser alguém na Europa e no mundo, se formos ninguém em nós.
Não é por sermos um país pequeno que devem ser pequenas as nossas ambições. O tamanho não conta; o que conta, e muito, é o conhecimento e a ciência.”
Este discurso de Sampaio da Nóvoa, na altura presidente das comemorações do 10 de Junho de 2012, é uma peça de dimensão cívica e política assinalável, sem dúvida bem digna de um chefe de Estado.
Não conheço Sampaio da Nóvoa de ontem. Já o ouvi várias vezes e tive oportunidade de conversar com ele. E tenho que confessar que me faz imaginar num outro país.
Eu quero um Presidente com maiúscula, um Presidente que seja um homem de cultura e que saiba ser um homem de Estado. Que revele inteligência e serenidade. Que revele firmeza, responsabilidade e lucidez. Que represente com dignidade o seu país.
Um Presidente que nos respeite. Que compreenda e defenda o valor do trabalho, da investigação e do saber como alavancas fundamentais para o crescimento e o desenvolvimento. Um Presidente para quem os desempregados não sejam, apenas, os ‘números do desemprego’.
Um Presidente que nos traga o arejamento de dizer que os seus pilares são as causas sociais, o conhecimento e a inovação, e a liberdade.
Um Presidente que nos devolva confiança, com objectivos nacionais mobilizadores e que se norteie pela Constituição da República.
Um Presidente que enfrente a questão da Europa e da política na Europa com uma dimensão que verdadeiramente defenda os povos da Europa.
Cada vez mais precisamos de um Presidente com esta estatura. Estatura que reconheço em Sampaio da Nóvoa. Por isso o apoio.
Violante Saramago Matos

(Escrito sem as regras do acordo ortográfico)