sábado, 16 de janeiro de 2016

CARTA ABERTA DE SAMPAIO DA NÓVOA AOS SOCIALISTAS


Caros e caras concidadãos e concidadãs,
As eleições para a Presidência da República do próximo dia 24 de janeiro são decisivas para o nosso futuro e para a mudança de tempo que estamos a viver. Ultrapassados os anos duros de uma austeridade que enfraqueceu o País, as famílias, as empresas e o nosso tecido social, é importante que também na Presidência da República voltemos a encontrar uma voz que se coloque do lado dos Portugueses. Uma voz que lhes garanta que vai defender o seu bem-estar e promover a igualdade de oportunidades.
Como vimos ao longo dos últimos anos, ter um Presidente verdadeiramente comprometido com a defesa da Constituição e com os valores da nossa República e do nosso Estado Social pode fazer toda a diferença face a investidas ideológicas que os querem afastar. Por outro lado, como os últimos meses também o demonstraram, o Presidente da República não pode ser uma figura perturbadora ou inibidora da livre manifestação da vontade democrática nos casos em que esta contraria os seus desejos pessoais ou da sua família política.
Vivemos mesmo num novo tempo, em que uma nova cultura de compromisso e diálogo se tornou essencial, em que caíram mitos antigos de que a responsabilidade pela governação estava reservada apenas a alguns partidos e, consequentemente, apenas a alguns cidadãos. O Presidente da República deve ser capaz de interpretar este tempo e de agir como um moderador imparcial, um construtor de pontes, alguém que traga confiança e estabilidade à função presidencial. Alguém que se reveja na extraordinário herança política dos dois presidentes originários do Partido Socialista, Mário Soares e Jorge Sampaio, e que tenha, como estes tiveram, a capacidade de ultrapassar as lógicas partidárias e ser um promotor de compromissos e de unidade do país.
Por tudo isto, não é indiferente a nossa escolha no próximo dia 24. Depois de 10 anos seguidos com um Presidente da área política da Direita, que não conseguiu transcender a sua origem política e transformar-se no Presidente de todos os Portugueses, não podemos arriscar uma linha de continuidade com o que aconteceu na Presidência na última década. Dez anos é muito tempo. Vinte anos seria tempo a mais.
Se temos alternância e rotatividade no Parlamento e no Governo, por que razão havemos de aceitar mais do mesmo em Belém, principalmente quando sabemos que esse mesmo foi um legado de omissões, ausências e pressões erradas a partir de Belém?
Os últimos 10 anos mostraram a importância do papel do Presidente da República. Importa garantir que, no dia 24, escolhemos alguém que garanta uma leitura prudente e uma ação determinada na defesa da Constituição, que é a defesa de todos os nossos direitos civis, sociais e dos rendimentos dos portugueses.
Não podemos arriscar deixar fora da Presidência da República por mais 10 anos os valores da igualdade, liberdade e solidariedade que são marca identitária do espaço da esquerda e centro-esquerda e que vão até mais além do que isso, até junto de todos os que se identificam com a nossa Constituição e com a visão para o País que nela se encontra projetada.
Não podemos arriscar eleger, uma vez mais, alguém que não se comprometa diariamente com o SNS e com a Escola Pública, com a proteção social e com a igualdade.
Peço-lhe, por isso, com todo o respeito e humildade democrática, um voto de confiança para poder personificar essa mudança. Estou certo de saber interpretar este novo tempo que vivemos e ser o depositário dos valores progressistas em que acreditamos e que têm permitido transformar o nosso País nestes quarenta anos da nossa democracia.

António Sampaio da Nóvoa.