Caros e caras concidadãos e concidadãs,
As eleições para a Presidência da República do próximo dia 24 de
janeiro são decisivas para o nosso futuro e para a mudança de tempo que estamos a
viver. Ultrapassados os anos duros de uma austeridade que enfraqueceu o País,
as famílias, as empresas e o nosso tecido social, é importante que também na
Presidência da República voltemos a encontrar uma voz que se coloque do lado
dos Portugueses. Uma voz que lhes garanta que vai defender o seu bem-estar e
promover a igualdade de oportunidades.
Como vimos ao longo
dos últimos anos, ter um Presidente verdadeiramente comprometido com a defesa
da Constituição e com os valores da nossa República e do nosso Estado Social
pode fazer toda a diferença face a investidas ideológicas que os querem
afastar. Por outro lado, como os últimos meses também o demonstraram, o
Presidente da República não pode ser uma figura perturbadora ou inibidora da
livre manifestação da vontade democrática nos casos em que esta contraria os
seus desejos pessoais ou da sua família política.
Vivemos mesmo num
novo tempo, em que uma nova cultura de compromisso e diálogo se tornou
essencial, em que caíram mitos antigos de que a responsabilidade pela
governação estava reservada apenas a alguns partidos e, consequentemente,
apenas a alguns cidadãos. O Presidente
da República deve ser capaz de interpretar este tempo e de agir como um
moderador imparcial, um construtor de pontes, alguém que traga confiança e
estabilidade à função presidencial. Alguém que se reveja na extraordinário
herança política dos dois presidentes originários do Partido Socialista, Mário
Soares e Jorge Sampaio, e que tenha, como estes tiveram, a capacidade de
ultrapassar as lógicas partidárias e ser um promotor de compromissos e de
unidade do país.
Por tudo isto, não é
indiferente a nossa escolha no próximo dia 24. Depois de 10 anos seguidos com
um Presidente da área política da Direita, que não conseguiu transcender a sua
origem política e transformar-se no Presidente de todos os Portugueses, não
podemos arriscar uma linha de continuidade com o que aconteceu na Presidência
na última década. Dez anos é muito
tempo. Vinte anos seria tempo a mais.
Se temos alternância
e rotatividade no Parlamento e no Governo, por que razão havemos de aceitar
mais do mesmo em Belém, principalmente quando sabemos que esse mesmo foi um
legado de omissões, ausências e pressões erradas a partir de Belém?
Os últimos 10 anos
mostraram a importância do papel do Presidente da República. Importa garantir
que, no dia 24, escolhemos alguém que garanta uma leitura prudente e uma ação
determinada na defesa da Constituição, que é a defesa de todos os nossos direitos
civis, sociais e dos rendimentos dos portugueses.
Não podemos arriscar
deixar fora da Presidência da República por mais 10 anos os valores da
igualdade, liberdade e solidariedade que são marca identitária do espaço da
esquerda e centro-esquerda e que vão até mais além do que isso, até junto de
todos os que se identificam com a nossa Constituição e com a visão para o País
que nela se encontra projetada.
Não podemos arriscar
eleger, uma vez mais, alguém que não se comprometa diariamente com o SNS e com a
Escola Pública, com a proteção social e com a igualdade.
Peço-lhe, por isso, com todo o respeito e humildade
democrática, um voto de confiança para poder personificar essa mudança. Estou certo de saber interpretar este novo tempo que vivemos e
ser o depositário dos valores progressistas em que acreditamos e que têm
permitido transformar o nosso País nestes quarenta anos da nossa democracia.
António Sampaio da Nóvoa.