Francisco
Faria Paulino
Respondendo
a um amigo que exige pouca escolástica e mais política pura dura, sempre lhe
digo que a eleição de um Presidente, hoje, mais do qFue nunca, resulta precisamente
de uma política pura e dura porque, quando tudo parece estar reduzido ao deve e
haver cego, surdo e mudo dos balanços contabilísticos, se exige o emprego de meios e práticas cultas
para conquistar objectivos políticos, principalmente os mais difíceis.
O
homem, embora condicionado pelas contingências do seu tempo histórico, tende a
reagir sempre de forma idêntica, pois é a biologia que determina os seus
comportamentos básicos.
A
regra do “olho por olho, dente por dente”, ou a estratégia do “salve-se quem puder”, apenas são transformadas
noutras normas, como a “dá a outra face” ou “primeiro as crianças e as
mulheres” se a filosofia, a história e a arte o ajudarem a ser mais sábio, mais
prudente e mais solidário.
Em
suma, torna-se humano, em resultado do trabalho da cultura sobre si próprio.
O
pensamento que resiste ao tempo, a contraditória experiência humana ao longo
dos séculos, a beleza do sonho com que se alcança o futuro devem ser matrizes e
balizas de todo o conhecimento científico, de toda a experiência, de toda a
ambição e de toda a política, que tem de ser a forma mais elevada e nobre de
servir os outros na cidade.
Porque
a política é pura, por definição, e dura, se necessário.
Defendemos
uma ideia de uma Presidência culta, informada e solidária e lutamos por um
Presidente que conhece os seus limites constitucionais e exercerá os seus
poderes com coragem, serenidade e sabedoria.
E,
se necessário, contra os escolhos da má fé e da intolerância, usaremos a força
da coerência e a surpresa da diferença.