Ana Jorge,
António Arnaut, Correia de Campos, Manuela Arcanjo, Manuel Pizarro e
Constantino Sakellarides, todos eles ex-responsáveis (ministros, secretários de
Estado e directores-gerais) pelo sector da Saúde em diversos governos do PS são
apoiantes de António Sampaio da Nóvoa. O significado destes apoios é tanto
maior quando uma das candidatas adversárias, Maria de Belém, é ela própria uma
ex-ministra da Saúde socialista.
Apesar de
não contar com o apoio de nenhum partido com representação parlamentar, Nóvoa
continua a receber apoios da área do PS. E não aceita a ideia de que se
encontra a disputar com Maria de Belém uma espécie de primárias socialistas. “A
minha candidatura foi lançada numa base estritamente independente. Eu não finjo
que sou independente. Sou mesmo independente”, afirmou, na noite de
terça-feira, numa entrevista à TVI.
Depois das
legislativas, Nóvoa tem reforçado a ideia de que há um “novo ciclo da política
em Portugal” e que, por isso, faz sentido haver um candidato fora das “lógicas
partidárias”, que não assuma a Presidência de uma forma “parcial”.
É por isso
que faz questão de sublinhar, nas suas intervenções mais recentes, que Portugal
está a viver um momento politico que deve ser visto com “naturalidade”, e sem
“alarmismos”.
Foi o que
disse na tarde de terça-feira, na Faculdade de Letras, em Lisboa, onde
participou numa conferência, e repetiu na TVI. “Eu procuro agir como candidato
como agiria como Presidente. Por isso digo o que penso.”
Mostrando-se
mais à vontade do que os seus adversários na leitura da situação política,
Nóvoa é claro nas respostas: “Se houver uma maioria parlamentar, não há nenhuma
outra solução senão dar posse a essa maioria. Seria impensável o contrário.”
“Qualquer outra solução”, afirma, confrontado com a hipótese de um
governo de gestão, “seria colocar o país numa situação caótica”.
Porém, o
candidato que assume “vir da esquerda” não considera que a provável aliança
entre PS, PCP e BE seja a única possível. Garante que qualquer que fosse a
opção maioritária do Parlamento seria, na sua opinião, igualmente legítima.
Nóvoa
critica Cavaco Silva pelo “tom muito crispado” da sua comunicação, mas dá razão
ao Presidente da República na indigitação de Passos Coelho. E remete para o
Parlamento o ónus da governabilidade.
Sem querer
avaliar as decisões dos partidos, nem as suas escolhas de alianças, o candidato
apenas deixou escapar uma preferência, na entrevista televisiva: “Parece-me
desejável que haja um acordo sólido, que assegure na medida das possibilidades
um acordo de legislatura.”
Sobre a
composição do Governo que Pedro Passos Coelho apresentou a Cavaco Silva, Nóvoa
evitou qualquer comentário – com uma breve excepção ao elogio pelo regresso do
Ministério da Cultura – à entrada para a conferência na Faculdade de Letras:
"Não me vou pronunciar em concreto sobre a composição do Governo, julgo
que o que é mais importante agora é que esse debate seja travado no Parlamento,
que é o lugar certo.
O antigo
reitor da Universidade de Lisboa, que na TVI haveria de defender a
“racionalidade”, criticou o "excesso de debate, de opinião, de calor” que
tem existido, na sua opinião, no debate público “nos últimos dias".
Apoiado
pelos três ex-Presidentes eleitos – Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio
– Nóvoa garantiu na TVI que tem a trabalhar consigo na candidatura “gente de
todos os partidos”.
Notícia
actualizada às 12.59 de 28/10/2015: Acrescenta o nome de Manuela Arcanjo,
ex-ministra da Saúde num Governo do PS, à lista de apoiantes de Sampaio da
Nóvoa. in "Público" 27/10/2015.