Por respeito
institucional, só agora me dirijo aos portugueses, depois de ouvir e ponderar
sobre a comunicação oficial do Senhor Presidente da República. Não posso deixar de dizer
que me surpreendeu ter sido proferida antes de serem definitivamente conhecidos
os resultados eleitorais e antes de terem sido recebidos os partidos políticos.
Foi a opção do Senhor
Presidente da República, mas eu teria agido de modo diferente. A interpretação
dos resultados eleitorais deve ser feita na sua plenitude, com independência,
sem leituras parciais ou parcelares. Para enquadrar os limites da sua
intervenção, o Senhor Presidente da República mencionou vários tratados, regras
e compromissos do nosso país, no plano europeu e atlântico, mas não se referiu,
com a centralidade necessária, à Constituição da República Portuguesa.
Numa democracia
parlamentar nenhum partido representado na Assembleia da República deve ser
colocado, ou deve colocar-se, imediatamente, à margem das soluções de
governação. Não há partidos, nem cidadãos, de primeira ou de segunda. Todos os
votos têm a mesma legitimidade. É assim em todas as democracias europeias.
A interpretação dos
resultados parece-me clara. Os portugueses manifestaram a vontade de,
prudentemente, virar a página da austeridade e de construir políticas de
desenvolvimento económico e de justiça social, num quadro de inovação e de
defesa do Estado social. Os portugueses manifestaram, também, um desejo de
continuidade na relação com a Europa, ainda que com o reforço da nossa
autonomia no seio das instituições europeias.
Depois das eleições,
não pode ficar tudo na mesma na nossa estratégia europeia e na nossa estratégia
económica e social. Não foi o fim de nada, mas foi o princípio de um movimento
de mudança que se encontra, há demasiado tempo, à procura de uma representação
política comum.
Tendo em conta o
resultado das eleições legislativas, ficou mais clara do que nunca a urgência
desta candidatura. Faz falta um Presidente da República que seja capaz de
representar todos os portugueses e de construir compromissos históricos num
tempo tão exigente da nossa vida colectiva. Um Presidente que não exclua
ninguém. Um Presidente que não esteja refém de interesses particulares ou de
lógicas partidárias. Um Presidente capaz de acolher e de apoiar as alianças
necessárias à estabilidade governativa. Um Presidente sem preconceitos e sem
tabus.
Os portugueses, hoje,
conhecem-me melhor. Quanto mais difíceis são os desafios, mais forte é a minha
determinação, o meu compromisso. Foi assim durante toda a minha vida. É assim,
agora, nesta candidatura.
Nos últimos dias,
aberto o tempo das presidenciais, tenho vindo a receber palavras de incentivo
de todo o país, de independentes e de militantes e simpatizantes de todos os
partidos com representação parlamentar. O que sempre me animou foi, e é, a
coragem das pessoas, anónimas, que sentem esta candidatura como um sinal de
esperança e de futuro.
Porque agora é que é
mesmo preciso um Presidente presente, um Presidente capaz de acordar Portugal,
um Presidente de causas.
Porque agora é que é
mesmo necessária uma candidatura independente, um Presidente que interprete,
com isenção, a vontade popular. Um Presidente deve estar acima dos partidos, e
não lhes deve impor a sua vontade. Deve ser um árbitro, e não árbitro e jogador
ao mesmo tempo. Os portugueses estão cansados de atitudes parciais, de intrigas
partidárias, de jogos de bastidores. Exigem que o interesse nacional esteja
sempre acima de interesses particulares.
Hoje, mais do que
nunca, a democracia precisa de um suplemento cívico. Tivemos a maior abstenção
de sempre em eleições legislativas. Não podemos continuar a fingir que nada se
passa. Precisamos de fazer uma reflexão profunda sobre o nosso sistema
eleitoral, e agir em coerência para combater o afastamento dos cidadãos da vida
política. A batalha pela qualidade da democracia está, desde o início, no
coração da minha candidatura.
Hoje, mais do que
nunca, é necessário um Presidente que defenda a Constituição e o Estado Social.
A minha fronteira não é entre Esquerda e Direita, é entre aqueles que estão ao
serviço da República e aqueles que dela se querem servir.
Apresentei a minha
candidatura há mais de cinco meses. Em nome da cidadania. Não esperei pelo
apoio de nenhum partido para lançar a lançar. Não estou dependente de nada, nem
de ninguém, apenas dos portugueses e das portuguesas que queiram juntar-se a
esta causa. Todos são bem-vindos: cidadãos, grupos, movimentos sociais e
partidos políticos.
Tive presente, como sempre tenho, o exemplo dos três Presidentes da República, de quem recebi o estímulo e o apoio no lançamento da minha candidatura.
Tive presente, como sempre tenho, o exemplo dos três Presidentes da República, de quem recebi o estímulo e o apoio no lançamento da minha candidatura.
Faltam pouco mais de
três meses para as eleições presidenciais, que decorrerão em Janeiro de 2016.
Durante o período eleitoral para as legislativas, reuni e consolidei as
condições necessárias ao sucesso da candidatura.
Vou bater-me por um
país com uma nova visão geoestratégica, com uma perspectiva de futuro assente
na educação e no conhecimento, na ciência, na tecnologia e nas inovações
promovidas pela livre iniciativa das pessoas, das instituições e das empresas.
Sempre com uma fortíssima consciência social. Vou bater-me pela República em
que acredito.
Podemos renunciar a
tudo, mas nunca aos nossos ideais, à nossa palavra, à nossa consciência.
Juntos, vamos mostrar que, quando os portugueses querem, o país acorda, avança,
é capaz de abrir novos futuros. Juntos, vamos dar uma nova esperança a Portugal.
Com energia. Com entusiasmo.
No final, estou certo
de que teremos orgulho no que alcançámos e a serenidade de quem cumpriu a sua
obrigação.
Não quero nada para mim, mas estou disposto a dar tudo.
8 OUT 2015
Não quero nada para mim, mas estou disposto a dar tudo.