sexta-feira, 7 de agosto de 2015

PORQUE APOIO SAMPAIO DA NÓVOA

Mota Torres
Sou militante do PS há quatro décadas. Se, como espero, a candidatura de Sampaio da Nóvoa atingir o momento do escrutínio, aquele em que os portugueses serão chamados a participar na escolha de quem desempenhará as funções de mais alto magistrado da nação, será nele, Sampaio da Nóvoa, em quem votarei.
Não sei qual será a decisão que os órgãos do PS adoptarão, quando entenderem ser oportuno, em relação à questão das presidenciais, nem com isso estou muito preocupado. 
Orgulho-me de ter sido, sempre, um militante disciplinado e cumpridor e, apesar disso, não me revejo em estratégias, acções e omissões como as que conduziram o nosso País à fatalidade de ter tido, ao longo dos últimos dez anos, um Presidente da República determinado a cumprir uma agenda própria de insensibilidade face à Constituição da República, que jurou defender e honrar, de resto, de degradação da imagem e das práticas do Estado de Direito, de menosprezo pela representatividade e pelas obrigações dela decorrentes, de desvalorização da cidadania e de destruição da democracia, voltado para a defesa dos interesses da sua clientela política, a mesma dos partidos da sua maioria presidencial, e que, vociferando contra os malefícios dos partidos políticos e as suas perversões, nunca deixou de ser militante de um partido, o PSD, ao serviço de quem se dispôs a desempenhar as funções para que foi mandatado no Palácio de Belém durante toda esta “eternidade” que temos vindo a ter a desdita de suportar.Não. Estarei, - estou -, do lado que sinto ser, para Portugal e para os portugueses, o lugar certo: o da confiança, o do desafio, o do confronto, o da coragem, o da ousadia… O lado da cor, contra o cinzento do unanimismo, – da unanimidade? –, o lado das referências contra a ausência total delas, o lado da diferença contra a indiferença, o lado de quem sabe de que lado está contra os que não sabem a que lado devem a sua lealdade, convicção, empenhamento e determinação, o lado dos que acreditam num mundo construído por todos e ao serviço de todos, contra os que o entendem ao serviço dos interesses, das carreiras duvidosas, das elites endinheiradas, dos plutocratas, dos muito poucos contra uma inconformada e esmagadora maioria.
Sampaio da Nóvoa, afigura-se-me, reúne as qualidades que o aconselham de entre as escolhas detectadas, detectáveis e possíveis. Tenho estado atento ao que diz e ao modo como se comporta, tenho registado a sua determinação e equilíbrio face a todas as barreiras e dificuldades que lhe são erguidas, tenho, atónito, encarado, e com muita preocupação, o modo como, no PS, se prepara o ambiente para facilitar a vida aos candidatos da direita, - sejam eles quais forem -, apoiados, ou a apoiar pelos partidos dessa área, em vez de, como seria desejável, se ir fortalecendo a lógica de um combate, o das presidenciais, do qual Portugal tem de sair vencedor, e essa vitória tem de radicar na ideia séria e partilhada de que queremos voltar a ter um “Presidente de Todos os Portugueses”. 
Assumo, com convicção, determinação e entusiasmo, que o modesto apoio que dispenso à candidatura de Sampaio da Nóvoa, bem como o voto que lhe confiarei nas eleições presidenciais tem, como suprema motivação, a minha vontade de, de novo, ver o meu País a trilhar os caminhos da liberdade, da tolerância, da justiça, da justiça social, da igualdade de oportunidades, do equilíbrio, da cidadania incentivada e respeitada e da modernidade, como elementos indispensáveis daqueles que serão os identificáveis e inultrapassáveis marcos civilizacionais que, orgulhando-nos, a História, um dia, registará.
Funchal 26 de Julho de 2015