segunda-feira, 10 de agosto de 2015

ENTREVISTA NO ECONÓMICO

“Portugal precisa de um choque empresarial e de conhecimento”
       Ana Petronilho e Márcia Galrão
Candidato a Presidente assenta as suas propostas num “Contrato Futuro pela República”, em que defende uma nova centralidade de Portugal.

Se chegar a Presidente, Sampaio da Nóvoa quer juntar os portugueses "em torno de um Contrato Futuro pela República". Mas em que se traduz esse contrato? "Num dois mais dois", diz o candidato, explicando - em entrevista ao Económico - que esse contrato implica "reconhecer uma nova centralidade para Portugal", do ponto de vista geográfico, político e cultural.

Num momento "de virar a página" - em que a situação na Grécia "já ajudou a reabrir o debate europeu" e vai permitir fechar um ciclo - Portugal deve "acabar definitivamente com a ideia de que somos um país pobre, um país irrelevante, um país periférico".

E essa alteração estratégica para o país passa por duas "grandes apostas": o "choque de conhecimento" e o "choque empresarial forte", defende.

O primeiro "é um choque de cultura, um choque de ciência, um choque de educação, e que tem uma componente forte de aposta numa outra dinâmica de educação". Até porque, avisa Sampaio da Nóvoa, os actuais sistemas educativos "estão obsoletos" e, no futuro, os países que "vão vingar e que vão de algum modo explodir, vão ser os países que vão mudar os seus sistemas educativos".

O segundo, o tal "choque empresarial", passará, segundo o candidato a Belém, pela "introdução de inovação e conhecimento nas empresas". Portugal precisa, diz o professor, de "ser capaz de libertar as empresas de todo o tipo de bloqueios que ainda hoje existem". Lembrando os tempos em que era reitor da Universidade de Lisboa, Sampaio da Nóvoa considera "insuportável" o lado "do controle, das burocracias" que para si era um "enredo insuportável que nos dava cabo da vida e da alma, da motivação, da vontade de fazer, do entusiasmo". E o mesmo "se passa muitas vezes nas nossas empresas", diz.

Mas este "choque empresarial" passa também "pela melhoria da gestão", onde considera que há "um défice", ainda que Portugal tenha todos os instrumentos para o ultrapassar. "Temos hoje as pessoas formadas, pessoas que podem ser integradas nessas empresas e que podem permitir que isso aconteça".

Além de toda esta alteração estratégica, Sampaio da Nóvoa considera ainda que "Portugal precisa de um Estado forte, de um Estado activo que tenha uma capacidade de intervenção estratégica", uma "capacidade de estimular uma certa economia e de fazer certas apostas".

As cooperativas podem ser a solução para as novas apostas e para se conseguir uma maior coesão territorial, defende o antigo reitor. "Acredito muito nos projectos cooperativos, tanto na cooperativa no sentido sergiano do termo, como na dimensão da cooperação. É impossível construirmos uma maior coesão territorial se as instituições, as empresas, no plano territorial não cooperarem mais".

Estes são, em traços gerais, os planos de Sampaio da Nóvoa para o seu Contrato Futuro pela República. Planos que teriam em conta "as políticas, o curto prazo, as conjunturas, as coisas que acontecem" que, "às vezes cilindram o resto". Mas é aí que intervém um Presidente. "É aí que um Presidente que deve estar fora do jogo diário da governação, pode assumir um papel em que permanentemente chame a atenção para a centralidade de Portugal."