Gostava de acordar do
pesadelo, mas não é possível porque não é pesadelo. É realidade. A realidade do
insaciável poder financeiro, da venda de armas a terroristas em troca de
execráveis negócios de petróleo. Das chacinas do Boko Haram e do ISIS. Dos milhões
de refugiados. Do Mediterrâneo e do Mar Egeu. A realidade de Bagdad, de Paris,
de Beirute. Da Palestina, onde afinal tanto disto começa.
Durante muito tempo
acharam que a Europa estava a salvo. Engano. A política seguida é um sucesso
para a alta finança e os seus interesses mas é um desastre para os povos. Temos
uma Europa cada vez mais ameaçada nos seus princípios fundadores e ao mesmo
tempo cada vez mais ameaçadora enquanto terreno onde progridem as injustiças e
as desigualdades, as chantagens e a corrupção. E onde se percorrem
perigosamente os caminhos da guerra.
Escrevi de jorro, num
repente, depois de ouvir o inquilino de Belém na viagem à Região. Comparar 1987
com hoje? É má-fé pura e dura. E o que dizer de 2009, que depois era 2004 e
afinal passou a 2011? Tudo para chegar a Sócrates. Doentia obsessão esta...
Quanto à crise, qual é a
pressa em a resolver? Nenhuma, ou não fosse ele exemplo acabado do fanatismo
ideológico que tem arrasado a Europa e fez escola no nosso país.
Não lhe interessa
Portugal, nem a Europa. Maquiavélico, só tem um plano: não afastar os seus do
poder. Por isso não marcou eleições antecipadas, por isso arrasta a comunicação
da decisão que já tomou sobre a situação política. Com um governo de gestão
pretende ganhar tempo e inquinar definitivamente o futuro. Cavaco goza connosco
de forma sádica e intencional. E ao anular o poder do Parlamento, promove um
golpe de Estado constitucional.
Entretanto as
presidenciais são abafadas. Abafadas pelos posts do palácio de Belém, abafadas
por uma imprensa sem pingo de isenção, abafadas por ‘comentadores’
especializadosem fretes, de que se destaca o de se fingirem muito espantados
porque os candidatos a Belém não tomam posição sobre a actualidade.
De facto há quem, depois
de ter deliberadamente atazanado a campanha do PS, navegue na inocuidade quando
não no disparate: é preciso “ponderação no esforço fiscal sobre o sector
produtivo”. O quê?! Ah! e convoque-se o Conselho de Estado – como se a
Constituição não tivesse instrumentos para resolver a crise! Sim, falo de Maria
de Belém, uma candidatura de facção promovida pela direita.
E há Marcelo que, depois
de 15 anos a preparar terreno nas televisões, faz de conta que não existe.
Quando tem mesmo que dizer alguma coisa arrisca “é preciso esperar para ver”,
sem compromisso nem verticalidade. A tudo isto, soma-se a religião. Belém e
Marcelo falam da sua relação com Deus e Marcelo chega ao cúmulo de afirmar que
um presidente cristão tem uma responsabilidade acrescida. No mínimo, é
miserável! O que seria se o Estado português não fosse laico...
Mas quanto recebem esses
‘comentadores’ para apagar as posições inequívocas, claras e frontais de
Sampaio da Nóvoa? Basta querer e podem saber o que diz sobre a presidência da
República e o Parlamento; a cultura, o ensino e a educação; a saúde e os
problemas sociais; os jovens e a vida pública; o valor da Constituição; a
defesa nacional; o desemprego e a vida económica; a investigação e o
conhecimento; a democracia e a cidadania. Sobre a situação portuguesa e a Europa.
Sobre o Mundo.
Bastava querer, e
saberiam que Sampaio da Nóvoa está envolvido num grande projecto internacional,
a ser apresentado na ONU, e que é a Carta dos Deveres Humanos.
Eu quero Sampaio da
Nóvoa para Presidente em nome dos princípios e valores da Constituição, de uma
pátria de oportunidades, de justiça e de liberdade, de uma ideia de futuro para
Portugal.
Os tempos actuais não
são complexos nem precisam disto ou daquilo. São mesmo dramáticos. Cada um tem
que fazer o que é preciso. Exigir a paz. Impor a cidadania. Defender a
democracia. Lutar para transformar.
Através de Mia Couto,
fui buscar a Picasso o pensamento que dá título a este artigo “Há pessoas que
transformam o sol numa simples mancha amarela,mas há também aquelas que fazem
de uma simples mancha amarela o próprio sol”.
“Opinião” publicada em 20 de Novembro
de 2015, no DN