domingo, 22 de novembro de 2015

UMA MANCHA AMARELA PODE SER O SOL



Gostava de acordar do pesadelo, mas não é possível porque não é pesadelo. É realidade. A realidade do insaciável poder financeiro, da venda de armas a terroristas em troca de execráveis negócios de petróleo. Das chacinas do Boko Haram e do ISIS. Dos milhões de refugiados. Do Mediterrâneo e do Mar Egeu. A realidade de Bagdad, de Paris, de Beirute. Da Palestina, onde afinal tanto disto começa.
Durante muito tempo acharam que a Europa estava a salvo. Engano. A política seguida é um sucesso para a alta finança e os seus interesses mas é um desastre para os povos. Temos uma Europa cada vez mais ameaçada nos seus princípios fundadores e ao mesmo tempo cada vez mais ameaçadora enquanto terreno onde progridem as injustiças e as desigualdades, as chantagens e a corrupção. E onde se percorrem perigosamente os caminhos da guerra.
Escrevi de jorro, num repente, depois de ouvir o inquilino de Belém na viagem à Região. Comparar 1987 com hoje? É má-fé pura e dura. E o que dizer de 2009, que depois era 2004 e afinal passou a 2011? Tudo para chegar a Sócrates. Doentia obsessão esta...
Quanto à crise, qual é a pressa em a resolver? Nenhuma, ou não fosse ele exemplo acabado do fanatismo ideológico que tem arrasado a Europa e fez escola no nosso país.
Não lhe interessa Portugal, nem a Europa. Maquiavélico, só tem um plano: não afastar os seus do poder. Por isso não marcou eleições antecipadas, por isso arrasta a comunicação da decisão que já tomou sobre a situação política. Com um governo de gestão pretende ganhar tempo e inquinar definitivamente o futuro. Cavaco goza connosco de forma sádica e intencional. E ao anular o poder do Parlamento, promove um golpe de Estado constitucional.
Entretanto as presidenciais são abafadas. Abafadas pelos posts do palácio de Belém, abafadas por uma imprensa sem pingo de isenção, abafadas por ‘comentadores’ especializadosem fretes, de que se destaca o de se fingirem muito espantados porque os candidatos a Belém não tomam posição sobre a actualidade.
De facto há quem, depois de ter deliberadamente atazanado a campanha do PS, navegue na inocuidade quando não no disparate: é preciso “ponderação no esforço fiscal sobre o sector produtivo”. O quê?! Ah! e convoque-se o Conselho de Estado – como se a Constituição não tivesse instrumentos para resolver a crise! Sim, falo de Maria de Belém, uma candidatura de facção promovida pela direita.
E há Marcelo que, depois de 15 anos a preparar terreno nas televisões, faz de conta que não existe. Quando tem mesmo que dizer alguma coisa arrisca “é preciso esperar para ver”, sem compromisso nem verticalidade. A tudo isto, soma-se a religião. Belém e Marcelo falam da sua relação com Deus e Marcelo chega ao cúmulo de afirmar que um presidente cristão tem uma responsabilidade acrescida. No mínimo, é miserável! O que seria se o Estado português não fosse laico...
Mas quanto recebem esses ‘comentadores’ para apagar as posições inequívocas, claras e frontais de Sampaio da Nóvoa? Basta querer e podem saber o que diz sobre a presidência da República e o Parlamento; a cultura, o ensino e a educação; a saúde e os problemas sociais; os jovens e a vida pública; o valor da Constituição; a defesa nacional; o desemprego e a vida económica; a investigação e o conhecimento; a democracia e a cidadania. Sobre a situação portuguesa e a Europa. Sobre o Mundo.
Bastava querer, e saberiam que Sampaio da Nóvoa está envolvido num grande projecto internacional, a ser apresentado na ONU, e que é a Carta dos Deveres Humanos.
Eu quero Sampaio da Nóvoa para Presidente em nome dos princípios e valores da Constituição, de uma pátria de oportunidades, de justiça e de liberdade, de uma ideia de futuro para Portugal.
Os tempos actuais não são complexos nem precisam disto ou daquilo. São mesmo dramáticos. Cada um tem que fazer o que é preciso. Exigir a paz. Impor a cidadania. Defender a democracia. Lutar para transformar.
Através de Mia Couto, fui buscar a Picasso o pensamento que dá título a este artigo “Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela,mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol”.

“Opinião” publicada em 20 de Novembro de 2015, no DN